Imigração Italiana no Sul do Brasil

Imigração Italiana no Sul do Brasil

Hoje vamos abordar a imigração italiana no sul do Brasil, nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. 

A imigração italiana no sul do Brasil tem uma característica interessante, elas aconteceram em terras devolutas, ou seja, terras que foram devolvidas à coroa portuguesa e que se tornaram posse da família imperial Brasileira. 

Faça um exercício comigo, imagine uma imensidão de terras praticamente despovoadas nos tempos do Brasil Império, pense nos conflitos e nas disputas para definir os territórios que pertenceriam ao Brasil, ou aos seus vizinhos Uruguai, Argentina e Paraguai. 

Colonizar essa região significava manter o domínio sobre o território. 

A colonização do sul do Brasil também era sinônimo de geração de riqueza, afinal diferente da proposta inicial onde o Brasil era meramente uma colônia de exploração, a partir da vinda da família real e da constituição do Império do Brasil a geração de riqueza passou a ser fruto da produção agropecuária. 

Não existiam máquinas industriais, para produzir a riqueza brasileira era necessário colonizar as terras e para isso foram escolhidos a princípio imigrantes italianos e alemães. 

Por que imigrantes italianos e alemães? 

Porque tanto a Itália quanto a Alemanha estavam passando por um momento de unificação territorial e industrialização ao mesmo tempo, então começou a haver um excesso de mão de obra agrícola. 

Em 1870 quando começou a imigração massiva para o Brasil, a Itália vivia um momento de extrema pobreza e falta de recursos, doenças derivadas da privação alimentar assolavam o norte italiano, a Pelagra levou quase 100 mil vidas, o índice de mortalidade infantil era altíssimo e a grande maioria trabalhava no campo sem ter expectativa se um dia se tornar dono das terras. 

Confira nosso artigo completo sobre: IMIGRAÇÃO ITALIANA: FATORES DE EXPULSÃO E ATRAÇÃO

Assim surgiu um acordo que beneficiava o Brasil, ao trazer mão de obra qualificada para o campo e ocupar as terras, e beneficiava a Itália, ao reduzir drasticamente a população através da imigração em massa e assim poder dar uma vida mais digna para aqueles que por lá restariam, em que muitos foram auxiliados financeiramente pelos familiares que imigraram. 

Estima-se que quase metade da população italiana tenha emigrado, cerca de 28 milhões de pessoas, dentre os destinos principais nas Américas: Estados Unidos, Argentina e Brasil.

Para os pobres camponeses italianos, emigrar para as Américas, era uma chance única de se tornar donos da própria terra com a promessa de uma vida melhor para si e para a família. 

O Vêneto foi a região da Itália que mais trouxe imigrantes para o Brasil, principalmente das províncias de Padova, Vicenza, Treviso e Belluno. Esta é a razão pela qual surgiu no Brasil o dialeto Talian, onde predomina até hoje o antigo dialeto Vêneto, que veio a ser considerado uma língua italiana neo-latina.

Isso é um breve resumo do processo colonizatório do sul do Brasil.

Colônias Italianas no Sul do Brasil

Até o início da primeira guerra mundial, estima-se que emigraram cerca de 100 mil italianos para o sul do Brasil. 

É possível observar na imigração italiana do sul do Brasil que as colônias estavam diretamente ou indiretamente ligadas à família imperial. Existiam ainda colônias promovidas pelo governo provincial e algumas colônias particulares. 

Colônias Italianas em Santa Catarina

Em Santa Catarina chegaram muitos imigrantes do Trento e do Vêneto, a primeira colônia italiana do Brasil aconteceu em Santa Catarina, no atual município de São João Batista, conhecida como Nova Itália.

Outras colônias começaram a surgir, próximas a Blumenau e Brusque, e também na região de Tubarão e Araranguá. Os imigrantes italianos chegavam ao porto do Desterro (Florianópolis), Laguna ou Itajaí e de lá partiam em embarcações menores povoando o interior do estado. 

Destacam-se as colônias: Nova Itália, Porto Franco, Nova Trento, Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, Azambuja (1877), Urussanga (1878), Nova Veneza (1891), Nova Treviso, Nova Belluno, Grão Pará e Orleans. 

Nas colônias próximas a Tubarão os imigrantes se subsidiaram trabalhando a princípio nas minas de carvão e na construção de estradas, enquanto estruturam seus lotes para a agricultura e pecuária. Assim muitos italianos foram populando outras regiões, fundando cidades e adentrando o estado. 

Hoje praticamente 50% da população catarinense é descendente de italianos.

Colônias Italianas no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a Serra Gaúcha foi a região escolhida para receber os imigrantes italianos, pela proximidade com a capital e o fácil escoamento da produção agrícola. Vieram italianos do Vêneto, do Tirol e da Lombardia. Os navios seguiam da Lagoa dos Patos até Porto Alegre, onde de lá os imigrantes italianos rumavam para as colônias.

A imigração de italianos no Rio Grande do Sul começou em 1875, mas foi entre 1884 e 1894 que a imigração chegou ao ápice, com cerca de 60 mil imigrantes. 

Apesar disso a presença de italianos no Estado é anterior, tendo como destaque Giuseppe Garibaldi que fez parte da Revolução Farroupilha em 1835. Garibaldi que voltou para sua terra natal e que foi o grande nome da Unificação Italiana promovida pela família Savoia, de Torino, por isso muitas cidades na Itália tem uma praça em homenagem ao Giuseppe Garibaldi. 

Porém, a imigração massiva de italianos no Rio Grande só aconteceu a partir das colônias Dona Isabel e Conde d`Eu. 

Principais colônias italianas gaúchas: Dona Isabel (1874), Conde d`Eu (1874), Nova Palmira, Fundos de Nova Palmira (1875), Silveira Martins (1877), Álvaro Chaves (1884), Maciel (1881), Nova Petrópolis, Jaguari (1889), São Feliciano, Conventos, Estrela, Maratá, Mundo Novo, Boca do Monte, Nova Prata, Flores da Cunha, Monte Alverne, Novo Hamburgo, Silveira Martins, Guaporé, Alfredo Chaves, São Marcos (1885), Antonio Prado (1885), Caxias, Santa Maria de Soledade, Encantado (1878), Núcleo Norte e Núcleo Soturno (1883), Ijuí e Guarani (1990), Guaporé (1892) e Erechim (1908). 

Hoje estima-se que cerca de 27% da população gaúcha tem descendência italiana. 

Colônias Italianas no Paraná

No Paraná os primeiros imigrantes italianos chegaram em 1875, vindos do Vêneto, as primeiras colônias iniciaram no litoral, chamadas de Nova Itália e Nova Alexandra, porém os italianos não se adaptaram bem ao clima e foram remanejados próximos à capital. As demais colônias italianas paranaenses aconteceram na capital e no interior do Estado. A maior colônia paranaense, denominada colônia Alfredo Chaves, é atualmente o município de Colombo. 

Colônias italianas paranaenses: Nova Itália, Alexandra, Assunguy, Argelina, Pilarzinho, D. Pedro, D. Augusto, Santa Maria do Novo Tirol, Antônio Rebouças, Senador Dantas, Alfredo Chaves, Muricy, Inspetor Carvalho, Virmond, Maria Luiza, Santa Felicidade, Mendes de Sá, Antonio Prado, Santa Gabriela, Santa Cristina, Alice, Barão de Taunay, Presidente Faria, Maria José, Visconde de Nácar, Santa Cruz, Santa Rita, Eufrásio Correia, Campo Largo da Roseira, Balbino Cunha, D. Mariana, Ferraria, Inglesa, Santa Helena, Contenda, Accioli, Cecília, Bela Vista, Afonso Pena, Pinho de Baixo e Uvaranas. 

Os italianos no Paraná se destacaram pela produção cafeeira, posteriormente também os imigrantes japoneses atuaram neste setor. 

Hoje cerca de 40% da população paranaense é composta por descendentes de italianos. 

Migrações Internas

Cabe destacar ainda os movimentos migratórios internos de italianos que vieram de São Paulo para colonizar o Paraná e Santa Catarina, ou os italianos que partiram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para colonizar o Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

O Brasil recebeu milhares de italianos, falamos aqui das colônias italianas do sul, mas teve colônia em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco e até no Amazonas. 

Atualmente estima-se que os descendentes de italianos no Brasil representam 15% da população Brasileira, é por isso que certos costumes e tradições italianas continuam a ser preservados, além da influência italiana na cultura brasileira, sobretudo na culinária. 

Agora me conte. Você é um ítalo-descendente? 

Comente aqui embaixo com a história da sua família.

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