Pesquisa Genealógica para Cidadania

Pesquisa Genealógica para Cidadania

Olá, seja muito bem-vindo (a) ao Italinha, site sobre cidadania italiana, pesquisa genealógica, documentos para a cidadania e muito mais! 

Hoje eu vou contar como foi a saga da pesquisa genealógica para cidadania, como foi a minha experiência para reunir os documentos dos meus antepassados, as condicionantes, os perrengues e as soluções encontradas.

Quem faz pesquisa genealógica sabe muito bem que no meio do caminho podem haver dificuldades que muitas vezes travam a pesquisa, parece fácil, mas tem gente que leva anos à procura de certidões. 

arvore da cidadania italiana

Você vai ver aqui algumas destas dificuldades e como eu pude resolvê-las. 

Documentos para a cidadania italiana

A minha primeira experiência com documentos para cidadania italiana foi em 2017, quando meu marido decidiu reconhecer a sua cidadania. 

Então nessa época eu fui entender quais documentos eram necessários, organizei a árvore genealógica dele para o pedido do reconhecimento da cidadania e listei todos os documentos que eu precisava solicitar. 

No caso dele foi bem fácil, o avô dele havia nascido na Itália, então nós precisávamos apenas dos documentos do avô Santo Zane (Dante Causa), do pai Mauricio Zane e dele Mauricio Zane Filho. 

Eram apenas 9 certidões + a CNN, sendo que destas precisávamos só da certidão de nascimento na Itália, pois o seu avô veio criança para o Brasil e se casou em São Paulo. 

Vou deixar 2 links de artigos mais completos sobre:

DOCUMENTOS PARA CIDADANIA ITALIANA

ÁRVORE GENEALÓGICA

Lembrando também que você pode baixar gratuitamente a árvore genealógica do Italinha para preencher com os seus dados. 

Voltando, essa pesquisa de documentos para a cidadania do Mauricio foi muito fácil, nós tínhamos em mãos uma caixa com os documentos e fotos antigas da família e lá constava até o passaporte original que a bisavó dele usou quando imigrou para o Brasil, onde constava a cidade de proveniência: Vobarno. 

Então tudo o que eu tive que fazer naquele momento foi listar cada documento, descobrir em que cartório estavam, pegar os dados para fazer o pedido das certidões em inteiro teor para cada cartório e preencher as requisições necessárias. 

Fiz tudo por e-mail e recebemos os documentos por Sedex. 

O documento da Itália deixamos para buscar pessoalmente quando fossemos reconhecer a cidadania, pois escolhemos uma assessoria na Brescia a poucos quilômetros de Vobarno. 

Mamão com açúcar! 

O que já não foi o caso dos meus documentos, que pareciam mais um Jiló!  

Minha pesquisa genealógica para cidadania

Bem, já contei aqui no Italinha que a princípio eu iria fazer a cidadania italiana por casamento e por isso eu tinha pesquisado muito sobre esse tema e deixo aqui o link de um artigo completo se interessar:

CIDADANIA ITALIANA POR CASAMENTO

Porém, ao chegar na Itália em 2017 para reconhecer a cidadania do meu marido, o espírito da nonna Linda falou mais alto. 

Eu não poderia fazer a cidadania por casamento e negar que eu também sou descendente de italianos. 

Poxa! Era minha obrigação honrar a história da minha família. 

Acho que foi aí que virou uma chave, a pesquisa genealógica deixou de ser apenas pelos documentos para a cidadania italiana e passou a ser o resgate da minha história. 

Um povo sem conhecimento da sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes.

Marcus Garvey

Bem, após o Mauricio reconhecer a cidadania dele nós retornamos ao Brasil e permanecemos em Curitiba, nossa cidade natal, para nos organizarmos financeiramente para mudar definitivamente para a Itália e eu iniciei a minha pesquisa genealógica. 

Pesquisa Familiar

Diferente do Mauricio eu tinha pouquíssimas informações, sabia que a minha avó materna era de origem italiana, de sobrenome Nandi. 

Comecei perguntando aos meus familiares, minha mãe e tios, se eles sabiam qual o nome dos pais da minha avó, no caso os avós deles. E infelizmente ninguém sabia. 

Perguntei se eles sabiam de que região os nossos ancestrais italianos vieram e ninguém sabia. 

É muito importante começar sua pesquisa pela família, eles podem ter registros, nomes e datas que vão te ajudar muito.

Família Fernandes/ Nandi: A nonna Linda Nandi ao centro ao lado do meu avô Albino Fernandes e eu sou essa do meio sentada no carro.

A princípio a pesquisa familiar não me trouxe muita informação, mas eu descobri com a minha mãe onde a minha avó nasceu, que foi fundamental para que eu pudesse começar a pesquisa de certidões. 

Eu sei que muitas familiares se negam a dar informações, ficam enciumados com o fato de você se interessar pelo passado da família, ou pelo fato de você estar buscando reconhecer a sua cidadania.  

No meu caso, minha família sempre se mostrou disposta e interessada, amaram que eu fiz a pesquisa genealógica e eu fiz questão de compartilhar com todos os resultados das minhas buscas. 

Pesquisa em Registros

Sabendo onde minha avó havia nascido eu pedi a certidão dela em inteiro teor, como eu já tinha uma prévia experiência com documentos, sabia que ali eu acharia os nomes dos pais da minha avó e também os nomes dos avós da minha avó. 

Ou seja, eu teria os nomes dos meus bisavós e dos meus tataravós. 

Cópia do Registro de Nascimento em Inteiro Teor de Delinda Nandi (minha avó).

Na certidão de nascimento da minha avó acima, consta que seus pais se chamavam: Josué Nandi e Virginia Nandi; que os avós paternos eram: José Nandi e Tereza Nandi; e que seus avós maternos eram: João Bozzello e Angelina Bozzello. 

Então até agora na minha linha de ascendência para a cidadania italiana seria: Eu < minha mãe Dilva Fernandes < minha avó Delinda Nandi < meu bisavô Josué Nandi < meu trisavô João Nandi. 

Eu precisava descobrir quem havia nascido na Itália e seria o meu Dante Causa, que é a pessoa que fornece o motivo para o seu pedido de reconhecimento de cidadania italiana. 

Também tinha que descobrir onde o Dante Causa nasceu e se casou para conseguir esses documentos.  

Nessa certidão constava também que os meus bisavós haviam se casado em Tubarão. Então eu poderia pedir a certidão em inteiro teor ao registro civil de lá. 

A pesquisa genealógica é como desenrolar uma massaroca de fio cheia de nozinhos, você vai indo aos poucos desfazendo e seguindo para o próximo desafio. 

A cada documento encontrado você acha mais informações e segue para o próximo documento. 

É importante saber que os dados dos registros podem ter erros ou aportuguesamentos e que as mulheres muitas vezes vêm indicadas com o sobrenome de casada. 

Sempre procure usar o sobrenome de solteira das mulheres na pesquisa e na árvore genealógica. 

Aproveito aqui para deixar mais dois artigos:

NOMES ITALIANOS APORTUGUESADOS

DOCUMENTOS RELIGIOSOS 

Descobri o meu Dante Causa no Google

Eu sou fuçona. Sim, eu não me pauto só pelas pesquisas tradicionais e gosto de explorar o que a internet tem a oferecer, por isso é óbvio que eu iria pesquisar no Google e no Facebook. 

E foi assim que eu pulei algumas casas na pesquisa genealógica e achei o meu Dante Causa no Google. 

Eu fiz uma pesquisa com o nome José Nandi e depois tentei Giuseppe Nandi.

Lembra que eu falei de nomes aportuguesados?! Então José = Giuseppe. 

Eis que eu caio num blogspot da família Salvan, que assim como o Italinha se propôs a contar a história das suas famílias originárias. 

Imagem do Blog da Família Salvan: por Roque Salvan e Mara Regina Quarti

E lá nesse blog eu achei a genealogia de Giuseppe Vittore Nandi e Teresa Gatto, onde constava os filhos: Giosué Nandi Bortolo Nandi e tinha uma referência para o local de batismo na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade em Tubarão, junto com as datas de batismo. 

Ali também eu achei uma cópia da certidão de batismo do Giuseppe Vittore Nandi, com data e local de batismo.

Como também tinha as certidões de nascimento dos filhos Antônio e Pasquale, um em Camalò e outro em Povegliano eu pude ter uma noção de onde poderia estar a certidão de casamento na Itália.

Ok, então agora eu sabia quem era o meu Dante Causa e onde estavam as certidões italianas, era só terminar de buscar das certidões brasileiras. 

Organizando as buscas dos documentos

Até aqui tinha sido fácil, agora eu poderia começar a pedir os documentos em inteiro teor de cada ancestral para os cartórios que eu já tinha conhecimento. 

Listei todos os documentos que precisaria, anotei cada cartório e os dados para as buscas.

Foquei na minha avó, meu bisavô e no trisavô. As minhas e da minha mãe eu pediria mais tarde. 

No Brasil:

  • Certidão de nascimento da minha vó – ok
  • Certidão de casamento da minha avó
  • Certidão de óbito da minha avó
  • Certidão de nascimento do meu bisavô
  • Certidão de casamento do meu bisavô
  • Certidão de óbito do meu bisavô
  • Certidão de óbito do meu trisavô

Na Itália:

  • Certidão de batismo do meu trisavô
  • Certidão de casamento do meu trisavô

Maravilha tudo listado e organizado! 

Em busca da certidão de nascimento perdida

Fui matando as tarefas, entrando em contato com os cartórios, recebendo as certidões e fazendo as conferências. 

Só que quando chegou na certidão de nascimento do meu bisavô não constava nada nos registros e é aqui que começa a verdadeira busca genealógica. 

Não constava no registro civil de Treze de Maio, de Tubarão, de Pedras Grandes, de Azambuja.

Bem, eu tinha o batismo dele, pedi então para a Paróquia a certidão em inteiro teor do batismo para ver se tinha mais informação, ali constava que o nome do meu bisavô também era composto: Giosué Bortolo Nandi. 

Me recusei a aceitar e comecei as buscas nos arquivos históricos microfilmados do FamilySearch, pesquisei em todas as cidades e nas cidades vizinhas e nada. 

Fiz uma lista, cidade a cidade, com todos os Nandi`s da família.  

A essa altura eu já sabia que os meus trisavós tinham também um filho chamado Bortolo Nandi, 

Até pensei que eu achei que se tratava do meu bisavô, porém quando fui atrás conheci a Susimara Nandi, pelo Facebook, que me informou que a mãe dela ainda viva conheceu o meu bisavó – tio Lelé – e que o Bortolo era outro irmão, nascido quase 10 anos depois. 

Foto que a Susimara Nandi me enviou: irmãos do meu bisavô Augusto, Bortolo e Martinho Nandi.

Foi com ela também que descobri que a Teresa Gatto, ao não encontrar o registro que havia feito dos filhos em Pedras Grandes, fez um registro tardio após o falecimento do seu marido de todos os filhos nascidos no Brasil – menos do meu bisavô. 

Olhando atentamente nas minhas pesquisas eu comecei a desenhar toda a árvore genealógica no FamilySearch, adicionando irmãos, filhos, primos, etc. Todos os nomes, matrimônios, nascimentos e falecimentos, com as suas fontes.

A árvore da família Nandi já existia, mas ficou gigantesca com a minha contribuição. 

Registro Tardio de Nascimento

Eu já tinha o registro de batismo do meu bisavô, ele nasceu em Setembro de 1889, o problema é que em janeiro do mesmo ano o registro civil passou a ser obrigatório no Brasil, então aquela certidão de batismo não tinha valor legal no pedido de cidadania. 

Claro que, como eu iria reconhecer a cidadania na Itália, poderia ser que o oficial do Stato Civile não se atentasse às leis brasileiras e aceitasse a certidão de batismo. 

Em todo caso eu preferi fazer o Registro Tardio de Nascimento, para isso eu solicitei a todos os cartórios das cidades onde a família dele viveu no período do seu nascimento, aos cartórios das cidades do entorno e também ao cartório de Tubarão, que era a cidade próxima mais importante naquela época, para que esses cartórios me dessem uma Certidão Negativa de Busca, ou seja, eles emitem um documento oficial dizendo que não encontraram a certidão num determinado período de tempo. 

Além disso, eu reuni documentos que comprovaram que meu bisavô existiu, sua certidão de nascimento, casamento e óbito, certidões de nascimento de alguns filhos, certidão de óbito do seu pai, onde constava o nome do meu bisavô. 

E pré-formatei o pedido que depois foi revisado pelo advogado que solicitou o registro tardio judicialmente. 

Tem mais nessa história, após aprovar o registro tardio o juiz solicitou para que eu determinasse qual nome correto: Giosué Bortolo Nandi como no batismo, ou Jesué Nandi como nos registros civis. 

Eis que nas minhas buscas eu achei duas certidões de filhos do meu bisavô, em que ele, apesar de analfabeto, assinou o próprio nome na certidão. Jesué Nandi. 

Respeitando a grafia que ele mesmo usou em vida eu solicitei ao juiz para emitir o registro de nascimento de Jesué Nandi e assim foi feito. 

Foi emocionante participar de tudo isso. 

O pedido de cidadania na Itália

Bem como eu narrei no último episódio, eu me mudei para Brescia e quando fui dar entrada no pedido de cidadania apareceu mais um problema. 

O oficial me pediu para retificar o nome da minha vó Delinda Nandi nas certidões de nascimento e casamento da minha mãe.

Então eu pedi para a minha mãe, que teve que ir aos cartórios retificar os documentos pessoalmente.

No final deu tudo certo, ela retificou, traduziu, apostilou novamente e me enviou os documentos via DHL.

E com isso eu pude concluir a prática da minha cidadania que ficou pronta agora em Novembro. 

Eu conto sobre isso neste artigo: 

COMO EU CONSEGUI MINHA CIDADANIA ITALIANA

A pesquisa genealógica não parou

Eu disse que a pesquisa genealógica se tornou algo maior do que a busca pela cidadania, mas se tornou uma paixão. 

Nesse processo eu conheci muita gente que me ajudou e também pude ajudar diversos familiares a montar sua árvore genealógica com os dados que eu consegui da família Nandi. 

Meu nome foi até parar no livro que o Albino Dalla Vecchia lançou ano passado entitulado: Meus Nonos Italianos. Esse livro conta a história das famílias Dalla Vecchia, Della Vecchia, Baldessar, Trevisol, Bosello e Nandi. E eu conheci o Albino através das minhas buscas sobre as famílias Nandi e Bosello, pois nestas famílias o meu bisavô Jesué Nandi se casou com Virginia Bosello, e a irmã de Jesué, Anna Stella Nandi, se casou com o irmão de Virgínia, Giuseppe Albino Bosello.

A partir do meu interesse na genealogia familiar eu comecei a montar as outras raízes da minha árvore genealógica, do meu avô materno e dos meus avós paternos, onde tenho descendência alemã e polonesa, Leineker e Knopik respectivamente.

E com isso também me interessei pela história dos países, os motivos que levaram meus antepassados a partir, pela a vida dos imigrantes quando chegaram ao Brasil.

E depois de fazer cursos de genealogia, eu resolvi desenvolver esse blog e assim ajudar mais pessoas a se reconectarem com a própria história.  

Espero que tenha curtido a aventura genealógica de uma ítalo-brasileira de sobrenome polaco, um abraço e até o próximo artigo.

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