Tenho que ir sozinho reconhecer a cidadania italiana?

Tenho que ir sozinho reconhecer a cidadania italiana?

Afinal, porque tantas pessoas falam para você não levar seu cônjuge na hora de reconhecer sua cidadania italiana na Itália?

Vou dar aqui o motivo desta recomendação e vou contar a minha experiência sobre o assunto.  

Seja muito bem vindo (a) ao Italinha, seu site de cidadania, pesquisa e cultura italiana e hoje o assunto é polêmico e não agrada a todo mundo, mas eu acho muito importante falar sobre isso. 

Vale a pena levar o cônjuge junto no reconhecimento da cidadania italiana na Itália?

Os assessores e a maioria dos especialistas vão dizer que NÃO. Não leve a sua mulher ou o seu marido para reconhecer a cidadania com você. 

Isso porque você enquanto descendente de italiano que está na Itália para reconhecer a sua cidadania tem o direito de permanecer no território mesmo que expire o seu visto de turista (que 90 dias) e, caso esteja para vencer antes do final do seu reconhecimento como cidadão italiano, você poderá dar entrada no Permesso di Soggiorno per Attesa di Cittadinanza

Então com o Permesso (visto) você tem o direito de permanecer e residir no território Italiano até que sejam emitidos os seus documentos de cidadão (certidão de nascimento e carteira de identidade). 

Maravilha, então você que é descendente e está solicitando a sua cidadania pode permanecer no território passado o visto de turista. E o seu cônjuge? 

Seu cônjuge, caso não tenha uma cidadania européia, não pode permanecer depois de 90 dias e se permanecer será em caráter ilegal e estando ilegal isso pode prejudicar o pedido de naturalização dele(a) quando você se tornar cidadão. 

Como eu mencionei no artigo CIDADANIA POR CASAMENTO, a cidadania italiana por casamento é um processo de naturalização que não é um direito é uma concessão, ou seja, o governo italiano pode aceitar ou recusar e estar ilegal não vai fazer bem para o pedido de naturalização. 

Porquê eu fui junto com o meu marido reconhecer a cidadania dele

Depois de te dizer o motivo fundamental pelo qual não é recomendado levar o cônjuge para reconhecer a cidadania, agora eu vou te contar o motivo que me fez ir junto com meu marido quando ele reconheceu a cidadania dele em 2017 e as consequências disso. 

Em 2017 eu e meu marido fomos ao norte da Itália para reconhecer a cidadania dele, eu não era ainda uma cidadã italiana. 

A questão que me fez acompanhá-lo é que nós tínhamos esperança de que o reconhecimento fosse finalizado em menos de 90 dias, a maioria dos depoimentos da assessoria indicavam que esse era o prazo para época.

Outra questão era que meu marido nunca, nunquinha mesmo, iria sozinho para a Itália. Se eu não fosse certamente ele nem iria reconhecer a cidadania.

O fato de estarmos indo juntos o motivou para conquistar esse objetivo. 

Então fomos para a Itália sabendo dos riscos.

Como você talvez já saiba, o reconhecimento da cidadania não tem um prazo definido para sair, pode sair em 45 dias, pode sair em até 90 dias, ou pode extrapolar e demorar mais de 3 meses. 

Eis que o avô do meu marido (seu Dante Causa) havia se casado em São Paulo e falecido em Curitiba, ou seja, na hora de pedir a NR, foi solicitado tanto ao consulado de Curitiba como de São Paulo. E demorou.

Demorou tanto que entramos no período de férias e passados quase 3 meses o reconhecimento da cidadania do Mauricio (meu marido) estava parado, enquanto o meu visto de turista estava para vencer. 

Claro que estávamos preparados para isso, conversamos muito e decidimos que eu não iria ficar ilegal na Itália.

Então eu voltei sozinha para o Brasil antes de completar 3 meses. E meu marido ficou lá até finalizar o seu reconhecimento. 

Se nós nos arrependemos de ter ido juntos para a Itália? NÃO. 

Se tivéssemos que fazer tudo de novo faríamos igual?! NÃO. Iríamos um mês antes para não pegar as férias italianas. 

Então isso é uma recomendação? Eu estou aqui dizendo para você vá e leve o seu cônjuge e filhos com você? Absolutamente não!

Não é isso que eu estou dizendo. 

O que eu estou dizendo é que cada um sabe da sua realidade.

No nosso caso, não tínhamos planos de permanecer naquele momento na Itália e iríamos voltar ao Brasil de qualquer jeito. 

Nem todo mundo tem condição financeira de bancar uma passagem aérea extra. A maioria das pessoas vão para ficar na Europa. Nesses casos pode ser melhor que você vá sozinho reconhecer a cidadania até que seja permitido a você como cidadão trazer a sua família legalmente. 

Muitas pessoas possuem filhos pequenos e pode ser desgastante trazê-los junto, ou pelo contrário, pode ser que você não consiga passar 3 meses longe da sua família. Saiba que ao vencer o visto de turista sem que você se torne cidadão italiano a sua família terá que retornar. 

Na experiência da cidadania nós conhecemos muitas pessoas, muitos brasileiros que assim como nós estavam ali para realizar um sonho. E vimos como é difícil passar esses 3 meses longe da família, conversando a distância. 

Chega uma hora que a solidão bate e as pessoas começam a questionar se está valendo a pena. 

O legal de ter feito reconhecido a cidadania do Mauricio com assessoria e de ficar com mais brasileiros em um apartamento é poder aliviar essa pressão da solidão. 

Sair para dar uma volta na cidade, tomar um gelato e tentar na medida do possível se distrair da saudade. 

Mesmo para quem vai sozinho não precisa entrar em uma “neura” que você tem que passar 3 meses enfurnado dentro do quarto aguardando a sua cidadania. 

Enquanto estivemos na Itália aproveitamos para conhecer o lugar, exploramos cidades próximas, fizemos viagens curtas, fomos para Barcelona visitar meu cunhado e a sua família. Afinal, você não está em cárcere privado. 

Fiz esse post para que você conheça as condicionantes de levar o seu cônjuge com você, para que você conheça os riscos, que tenha consciência das vantagens e desvantagens e que faça o seu planejamento de acordo com o que fica melhor para você e para a sua família. 

Pois no final não adianta que um monte de consultor, assessor e especialista fale que você não deve levar ninguém. É você quem conhece a sua capacidade de ficar sozinho por 3 meses ou mais. 

Para mim ficar longe do meu marido um mês foi difícil, mas seria muito pior ficar 4 meses inteiros longe dele. 

E você? Me conte nos comentários a sua experiência, qual a sua opinião e se você tem ainda alguma dúvida se leva ou não leva a sua família com você

Um beijo e nos encontramos em mais conteúdos do Italinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *