Olá, eu sou a Fernanda e quero dedicar essa série de conteúdos do Italinha aqueles que desejam começar uma jornada rumo a uma nova vida na Itália.
Nesta série de conteúdos, que será uma espécie de blog, eu vou contar a minha experiência e todo o processo de mudança para a Itália repleto de desafios, inseguranças, muito planejamento e doses de coragem.
Afinal, sem coragem a gente não chega a lugar algum!
Como surgiu a ideia de morar fora do Brasil?
A primeira vez que eu e meu marido Mauricio começamos a falar de morar na Itália foi em meados de 2012, éramos namorados e nessa época começamos a pensar o nosso futuro juntos e surgiu uma ideia muito vaga de ir morar em Milão.
Por que Milão? Porque era um nome de cidade que a gente conhecia, a gente nunca havia viajado para a Europa, não conhecíamos nada. Só sabíamos que na Itália tinha Milão, Veneza, e Roma.
E para nós Milão ficava bem localizada em relação à Europa com aeroportos próximos e dali nós poderíamos ter um ponto de conexão interessante para viagens.
A gente trabalhava online e a ideia era conseguir alcançar uma renda suficiente trabalhando online para sustentar a nossa vida na Itália.
A nossa maior motivação era poder fixar residência em um lugar que nos permitisse viajar com facilidade para conhecer outros lugares no mundo. Quase um nomadismo digital.
Por que quase um nomadismo digital?
Quando começamos a conversar sobre morar fora analisamos todas as condicionantes e como seria viver o estilo de nômade digital, cogitamos morar de 3 em 3 meses em diferentes lugares, porém depois de algumas viagens chegamos a conclusão que seria cansativo demais e teríamos que ficar sempre nos adaptando a casa nova.
Esse período de adaptação afetaria o nosso trabalho e além disso a nossa ideia sempre foi levar os nossos dois gatos que estão com a gente a muitos anos e que nós consideramos parte da nossa família.
Por isso essa ideia de ficar se mudando constantemente não daria certo.
Então o plano a princípio era esse, só faltava executar.
Trabalhar online e morar em qualquer lugar do mundo
Esse sempre foi o plano inicial, conseguir trabalhar totalmente online e poder morar em qualquer lugar do mundo. Acontece que a maioria dos nômades digitais ganham em moeda forte (dólar, euro) para viver em uma moeda fraca e optam por morar no leste europeu, ou na Tailândia, vão para países onde o dinheiro rende mais.
Eu sei que é a ideia mais estúpida ganhar em real e morar em euro. Parece ainda mais agora em que cada euro está mais de 6 reais!
De qualquer forma, sempre pesamos fatores que vão além do financeiro.
Nós estamos em busca de qualidade de vida e de novas experiências, mas não queremos abrir mão de se sentir em casa.
Por isso, o fator cultural é importante.
Estar em um país com o qual a gente se identifica com cultura e na Itália nos sentimos em casa.
Seja por causa da comida maravilhosa, que é muito semelhante ao que comemos em nosso dia-a-dia no Brasil, ou por causa das questões sócio-culturais como idioma, fé, arte e valores.
Esse sempre foi um ponto discutido com amigos que também tem essa pegada de nomadismo: morar barato x morar onde você se identifica.
Fato é que para bancar uma vida na Europa ganhando em real teríamos que ralar bastante e foi o que fizemos.
Onde morar na Itália?
Muitas pessoas escolhem onde morar em função da disponibilidade de emprego ou do preço dos imóveis.
Como trabalhamos online, temos uma maior flexibilidade de morar em qualquer lugar que tenha uma boa internet.
Antes de conhecer a Itália queríamos estar em Milão, por conta da facilidade de conexão e de meios de transporte.
Em 2016 fizemos a nossa primeira viagem para a Europa para um casamento, conhecemos Barcelona, Paris e passamos rapidamente por Roma, Florença e Milão. E nessa primeira impressão da Itália começamos a cogitar mudar para a Espanha.
Meu cunhado mora com a família próximo a Barcelona e nós até cogitamos se mudar para a Espanha.
No ano seguinte fomos reconhecer a cidadania do meu marido na Brescia e a ideia era neste período de espera pegar um mês em Barcelona para experimentar a vida por lá e começar a ver apartamentos.
Porém, os preços do AirBNB em Barcelona eram absurdos e no final pegamos um mês em Paris pela metade do preço.
Durante o período em que ficamos na Itália para reconhecer a cidadania do Maurício nos apaixonamos pelo norte italiano, conhecemos Desenzano del Garda, a Bréscia e vimos que a Itália era muito mais do que Milão.
Com o trem ficava fácil se deslocar e as cidades do norte eram lindas com as montanhas ao fundo fazendo um degradê de azul e verde incrível.
As dúvidas acabaram, era ali que queríamos morar, no norte italiano.
Depois viemos a conhecer melhor Roma, Florença, conhecemos as belezas da Sicília, mas nada comparado ao sentimento de pertencimento que tivemos no norte da Itália.
Gostamos muito de Verona, que fica próximo a Brescia, entre Milão e Veneza, tem aeroporto, tem uma ótima estação de trem.
Mas, começamos também os desafios por ser uma cidade universitária, mesmo com a alta disponibilidade de imóveis a procura é grande e muitos apartamentos são destinados a estudantes, alugando apenas quartos.
Acho que quando se escolhe um lugar para morar se deve sempre levar em consideração algumas coisas:
- O tamanho da cidade, saber se você aguenta morar em uma cidade pequena e pacata, ou se precisa estar em uma cidade maior;
- A disponibilidade de emprego na região, se esta for uma condicionante;
- A disponibilidade de meios de transporte público: ônibus, metrô, trem e avião (se for o caso).
- A disponibilidade de farmácias, mercados, shoppings, panificadoras, hospitais e escolas (para quem tem filhos ou pretende estudar por lá).
Muitas vezes no começo você vai ficar sem carro e na Itália o serviço de táxi é horrível, Uber não existe e os ônibus em algumas cidades ou em algumas linhas funcionam só até um determinado horário.
Já tivemos que caminhar quilômetros por chegarmos depois das 21 horas e não ter mais ônibus disponíveis neste horário.
Quanto à disponibilidade de empregos, o que todo mundo menciona é que no sul da Itália os aluguéis são mais baratos, mas os empregos são mais escassos e os salários são menores. Já no norte tem muito mais fábricas e cidades maiores onde acaba gerando mais empregos em diversos setores.
Lembrando que emprego formal só depois da cidadania reconhecida.
O plano na prática
Na prática, a ideia inicial era reconhecer a cidadania do Mauricio e depois retornar ao Brasil para organizar as coisas, bem quando voltamos algumas coisas mudaram nos nossos planos.
A primeira é que passamos por mudanças no trabalho o que nos obrigou a ficar no Brasil por mais tempo, a outra é que eu resolvi neste meio tempo reconhecer a cidadania pela minha família, anteriormente o plano era eu reconhecer a cidadania por casamento (a famosa naturalização por casamento).
Porém, depois que eu estive na Itália e me conectei com essas raízes, pensei muito na minha avó e como eu deveria valorizar as minhas origens e reconhecer a própria cidadania.
Então eu fiz a minha jornada de pesquisa de documentos e genealógica, levantando a história familiar que foi um caminho sem volta e o motivo pelo qual existe o site Italinha.
Em 2020 estávamos prontos para ir, com passagens compradas para embarcar em Março quando veio a pandemônia. E adiou novamente os planos.
Aproveitamos esse período de reclusão em casa para tomar vergonha na cara e estudarmos italiano, o que já poderíamos ter começado muito tempo atrás.
Também refinamos os planos de mudança. Agora estamos na fase dos últimos preparativos para partir, já com as novas passagens compradas, com a primeira dose da vacina tomada e com a segunda já com data marcada.
Uma ideia que começou em 2012, que na época era só um sonho distante e que foi amadurecendo com o tempo e que só agora, quase 10 anos depois, vamos realizar.
Eu sei que a nossa condição de mudança para a Itália é bem peculiar, não temos bens para vender no Brasil, não iremos com muito dinheiro de reserva, em contrapartida temos uma renda recorrente do nosso trabalho online que nos garante ter uma vida básica na Europa.
Também temos o desafio de alugar algo por lá com a nossa renda do Brasil, em ter um trabalho a tempo indeterminado como muitos proprietários exigem.
Mesmo com todas as peculiaridades, espero poder contribuir com a nossa experiência, trazendo informações e mostrando o nosso passo a passo de mudança para a Itália.
Um abraço e confira o segundo episódio da série MUDAR PARA A ITÁLIA: PESQUISAR IMÓVEIS NA ITÁLIA.
E ainda o terceiro episódio: CIRURGIA A UM MÊS DA MUDANÇA.