Falsificação de Cidadania: Caso Rodrigo Faro

Falsificação de Cidadania: Caso Rodrigo Faro

A Polícia italiana investiga uma empresa de cidadania que falsificava residências no Comune di Villaricca, cidade metropolitana de Nápoles, para obtenção de cidadanias. Dentre os clientes estavam o apresentador Rodrigo Faro e o jogador de futebol Bruno Duarte da Silva.

Não é de hoje que ouvimos falar em fraudes na obtenção de cidadania, a maior parte relacionado a falsificação de documentos e falsificação de residências. 

Recentemente o Senado Italiano está discutindo a possibilidade de implementar uma nova lei sobre a cidadania italiana na qual presente estabelecer novos critérios para os ítalo-descendentes da América do Sul, em especial do Brasil, onde muitos estão anunciando como o fim da cidadania italiana. 

Entenda neste artigo o que aconteceu no caso do apresentador da Record, Rodrigo Faro, e por que você deve tomar cuidado ao contratar uma empresa de cidadania.

A falsificação de residências na Itália

Um problema que ocorre com frequência na Itália é a falsificação de residências para a obtenção do reconhecimento da cidadania italiana e boa parte dos requerentes não têm consciência deste tipo de fraude, pois não sabem como funciona a cidadania italiana. 

Pode ter sido o caso do apresentador Rodrigo Faro, que alega que seguiu as instruções da agência Diritto Cittadinanza SLR, que segundo ele foi indicada por um amigo, sendo uma empresa que atuava há muitos anos na Itália. 

No mesmo comunicado o ator disse que entregou seus documentos nas mãos dessa empresa sem saber que estavam praticando uma ilegalidade e que seus documentos foram analisados pelas autoridades italianas, foi reconhecida a sua cidadania e ele obteve seus documentos, incluindo o passaporte italiano. 

Não é a primeira vez que isso acontece, o mesmo já havia ocorrido com outra personalidade famosa, o jornalista e escritor José Laurentino Gomes, que teve sua cidadania italiana cancelada depois de uma investigação semelhante no Comune di Brusciano.

Mas, o que de fato ocorre nesses casos? É proibido reconhecer a cidadania na Itália?

A residência e a cidadania italiana

A princípio, o reconhecimento da cidadania italiana é feito no órgão competente que atende a sua área de residência, portanto se a pessoa mora em São Paulo, seria o Consulado Italiano de São Paulo, se mora em Lisboa, seria o Consulado Italiano de Lisboa, se mora na Itália, seria na estrutura pública do município.

Por isso é solicitado um comprovante de residência, porém a residência nem mesmo está prevista na lei de cidadania italiana, ou seja, a residência faz parte do trâmite administrativo no acesso aos serviços públicos italianos.

Nada impede que o requerente mude de cidade, de estado ou de país e solicite o reconhecimento da cidadania no novo local de habitação.

Assim como nada impede que depois de concluir o reconhecimento ,este cidadão se mude de bairro, cidade, de estado ou país. Este é um direito de qualquer cidadão italiano.

Não existe lei que estipule o período de residência para se “obter”a cidadania italiana, até porque os descendentes tem cidadania originária.

Cidadania Administrativa na Itália

A cidadania administrativa na Itália é uma alternativa às filas longas nos consulados italianos do Brasil, pois pela Itália o tempo de reconhecimento fica entre 2 a 6 meses em média, já nos consulados já chegou a 20 anos de espera.

Por isso os requerentes procuravam a casa de parentes ou amigos que residiam na Itália ficando hospedados para conseguir o registro de residente até que a cidadania italiana fosse reconhecida.

Uma rede de apoio do imigrante ou re-patriado ítalo-brasileiro.

Afinal, quando você é um recém-chegado você não tem emprego e nem comprovante de renda para alugar nada. 

Além disso, os requerentes só podem trabalhar legalmente quando obtêm sua documentação, após o reconhecimento de posse da cidadania italiana. 

Com a cidadania reconhecida, essas pessoas poderiam procurar um emprego e um aluguel próprio. 

Não tem nada de ilegal ou irregular nisso.

Assessorias de cidadania

Com o tempo isso virou um negócio, brasileiros já estabelecidos na Itália passaram a alugar quartos, intermediar aluguéis e assessorar os descendentes junto aos órgãos públicos (Questura, Anagrafe, Stato Civile, etc). 

A intermediação é normal na Itália, existem várias empresas que prestam serviço de intermediação e agendamento de serviços públicos. 

Então, não tem problema algum em vender este serviço de intermediação. 

O problema começou de fato quando algumas empresas começaram a escalar as vendas, isso porque elas não estavam disponibilizando mais imóveis e quartos para alugar, estavam fazendo centenas de residências no mesmo local. 

Na Itália o cidadão tem que se cadastrar no setor anagráfico da cidade e quando se muda, tem que se registrar no novo endereço na Itália, ou quando se muda para o exterior (fora da Itália) se registram no A.I.R.E.

Existe um fiscal, chamado vigile urbano, que visita os novos moradores para verificar se a habitação tem condições de abrigar aquele número de pessoas. 

Como muitos descendentes faziam a cidadania na Itália e se mandavam do país sem fazer o A.I.R.E., essas residências começaram acumular diversos registros de moradores. 

Para lidar com isso inicia-se a prática de subornos.

Os assessores para continuar tendo o aproveitamento do imóvel passam a pagar os agentes públicos para liberar o registro de novos moradores no mesmo local. 

O negócio ilícito cresce e as assessorias passam a nem mesmo hospedar seus clientes nos locais, muitas vezes esse cliente nem pisa na Itália e a assessoria registra o morador em uma pequena cidade italiana. 

Foi assim no caso do apresentador Rodrigo Faro.

Já no caso do jornalista José Laurentino Gomes, ele afirma ter estado por um período curto na Itália para reconhecer a cidadania. 

Legal ou ilegal 

A cidadania administrativa na Itália não é ilegal, inclusive eu reconheci minha cidadania dessa forma, aluguei um apartamento e fiz meu registro de moradora da cidade, dei entrada na cidadania sozinha. 

É a modalidade mais rápida, é a que traz um contato maior com a Itália, principalmente para quem deseja morar na Itália ou na União Européia, já que a cidadania traz esse benefício para todos os seus cidadãos. 

Também não é ilegal contratar assessoria para ajudar.

O problema é que é muito difícil saber se a assessoria está ou não subornando as autoridades italianas, eles não fazem isso à “luz do dia”. 

Esse é o motivo pelo qual eu não indico assessoria, pode ter gente de boa fé, que de fato se propõe a ajudar, mas tem muito esquema de corrupção nesse meio. 

Seja porque o oficial cria barreiras e exige suborno dessas assessorias, ou porque as assessorias pagam para que os oficiais falsifiquem o registro de residência. 

Um indicativo de que a empresa está cometendo fraudes é justamente um número alto de clientes em cidades pequenas. 

Quando a empresa vende o serviço como se fosse “água”, desconfie.

Os clientes sabem disso?

Segundo o apresentador Rodrigo Faro e o jornalista José Laurentino Gomes, eles foram vítimas destas empresas de cidadania. 

De fato, são poucos os requerentes que entendem como funciona a cidadania italiana, ou as modalidades de prática de reconhecimento, a grande maioria só fecha o contrato e espera que a empresa se responsabilize por tudo. 

Eu realmente acredito que a grande maioria dos requerentes que falsificaram a residência na Itália, nem sabiam que cometeram esse crime. 

Falo isso porque na época que meu marido foi reconhecer a cidadania, eu fiz orçamento com várias empresas e muitas delas ofereciam o serviço express, onde a cidadania saia em 15 dias.

Eu não sabia nada sobre cidadania italiana naquela época, estudei sobre os documentos, preparei a pasta dele e depois fui estudar a prática da cidadania, mas nem todo mundo faz isso. 

Então eu imagino que grande dos requerentes, sejam eles famosos ou não, são de fato vítimas da sua ignorância, caindo em golpes de empresas que aparentam profissionalismo. 

No caso do Rodrigo Faro foi pior

Para piorar a situação o apresentador Rodrigo Faro é descendente de italianos pela parte materna e no caso dele tem uma implicação. 

Existem duas possibilidades de reconhecer a cidadania pela via materna, na qual em uma delas você tem a possibilidade de reconhecer a cidadania de forma administrativa (pelos consulados ou na Itália) e na outra apenas pela via judicial. 

A linha materna dele exigia que o reconhecimento fosse judicial, ou seja, ele nem poderia reconhecer a cidadania de forma administrativa na Itália. 

Mas, eu penso que se o apresentador Rodrigo Faro tivesse uma orientação correta em relação a cidadania italiana, nem teria caído nas mãos dessa empresa fraudulenta.

Pois ao contratar o serviço judicial, ele e sua família aguardariam o reconhecimento sem precisar sair de casa, em 2 ou 3 anos. 

Só vejo a possibilidade do apresentador estar ciente da fraude, no caso de ter havido a eminente a necessidade de conseguir o passaporte italiano para ele e para a família.

Rodrigo Faro vai ser preso?

A polícia está investigando o apresentador Rodrigo Faro, mas no caso do jornalista e escritor José Laurentino Gomes, que já está mais avançado, ele teve apenas a sua cidadania cancelada, tendo que refazer o reconhecimento da cidadania italiana.

Pois tanto o Rodrigo Faro, quando José Laurentino Gomes, tem legitimidade para reconhecer a cidadania italiana, jamais se tratou de falsificação de cidadania, mas de falsificação de residência na Itália e corrupção de agentes públicos.

Corrupção é só um dos crimes

A dona da empresa Diritto Cittadinanza SLR, Silmara Fabotti e seu colaborador Flavio Alan Yogui, foram presos por corrupção, junto com os funcionários públicos italianos: Alessio De Rosa, Alessandro Di Vivo e Antonio Opera (Stato Civile) e o agente de polícia Antonio Amato.

Além da falsificação de residências, segundo a matéria publicada pelo jornal Cronache (https://cronachedi.it/) os funcionários públicos recebiam 40 euros para falsificar as residências e quando as requerentes eram mulheres, eram oferecidos favores sexuais. 

Diante disso, a polícia italiana deveria investigar a possibilidade desta dupla estar envolvida em crimes até piores, como: rede de prostituição e tráfico de pessoas.

Os bons são prejudicados

Claro que essas matérias nos jornais italianos e brasileiros sobre a cidadania do Rodrigo Faro estão sendo usadas como instrumento político, o senador italiano Roberto Menia está tentando passar uma nova lei de cidadania que pretende dificultar o reconhecimento dos ítalo-brasileiros. 

Além disso, quando a credibilidade dos oficiais italianos e agentes públicos é contestada em casos de corrupção, os demais se tornam rígidos e exigentes, principalmente com os requerentes ítalo-brasileiros.

Quem paga a conta são as pessoas corretas, até porque funcionários públicos corruptos não se importam com os erros na documentação, estão levando o troco deles para aprovar qualquer coisa.

Mas, os futuros requerentes que muitas vezes fazem tudo sozinhos, esses vão ter sua documentação analisada linha por linha, qualquer coisa vai ser motivo para ter a cidadania barrada. 

Por isso, é importante ter controle da sua documentação, preparar tudo da forma correta e continuar acompanhando o ITALINHA.

Porque não vendemos cidadania, pelo contrário, aqui você tem o curso ORIGEM ITALIANA para que você mesmo prepare a sua documentação e tenha mais conhecimento sobre o reconhecimento da cidadania italiana. 

Continue nos acompanhando para saber tudo sobre a cidadania italiana.

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