A visita a Questura

A visita a Questura

Já estava quase dando 8 dias que estávamos na Itália e eu ainda não tinha passado na Questura para avisar que eu estava no país. 

Se você é um cidadão estrangeiro de fora da União Européia e não tem o carimbo de entrada da Itália no passaporte, não consegue seguir com o pedido de cidadania italiana. 

Quem entra pela Itália e tem o carimbo não precisa ir na Questura, mas como entrei pela Espanha, o meu carimbo de entrada era espanhol. 

arvore da cidadania italiana

Declaração de Presença

Estava tão concentrada em alugar um imóvel na Itália, que esqueci totalmente de fazer a minha declaração de presença. Quando percebi estava em cima da hora, então corri reunir os documentos que precisava para ir a Questura.

Como eu estava hospedada em um hotel, não precisava da declaração de hospedagem feita pelo proprietário do imóvel, bastava apenas a reserva do hotel, mais a cópia do passaporte com carimbo, mais a ficha da declaração preenchida, o seguro viagem, a passagem de chegada a Itália e as fotos TESSERA.

Inclusive os hotéis são obrigados a comunicar a polícia em até 48 horas que hospedam cidadãos estrangeiros lá.

Porém, mesmo assim eu deveria ir a Questura declarar a minha presença em até 8 dias. 

Com a pandemia li no site da Questura que estavam fazendo tudo via e-mail, então no sétimo dia eu enviei um e-mail PEC para a Questura. Porém me responderam dizendo que eu precisava agendar e ir pessoalmente lá. 

Bem, não tinha nenhum agendamento para datas próximas e iria vencer os meus 8 dias na Itália. 

Então no dia seguinte eu fui lá, mesmo sem agendamento. 

Acordei absurdamente cedo, me arrumei e cheguei no primeiro horário. 

Haviam apenas dois estudantes na minha frente, mas em poucos minutos foi chegando mais e mais pessoas atrás de nós. 

Do outro lado da rua havia uns 20 imigrantes “ilegais” esperando o pedido de asilo. Aguardavam o despachante deles, que quando vem faz todos eles entrarem em uma penca deixando os funcionários mais irritados do que normalmente são.  

A Questura é como uma polícia de imigração e é sempre horrível ir lá, no geral você é maltratado e te enchem de perguntas. 

A minha expectativa era sair de lá escorraçada e sem o documento que eu precisava. 

De repente veio um policial em minha direção, eu já estava preparada para a bronca, mas para minha grata surpresa ele me escutou – ainda bem que eu falo um pouco de italiano – e pegou os meus papéis para ver se conseguia me encaixar, enquanto eu ficava ali e aguardava ansiosa na fila. 

Quando voltou me disse para entrar. Quase chorei de emoção naquela hora.

Calma, que ainda não tinha acabado, em breve eu iria passar pelo guichê de atendimento. 

No guichê tinha uma funcionária pública digamos tradicional, daquelas que já vai dizendo: 

– Não, não dá, não posso fazer! Você preencheu tudo errado! O que você quer que eu faça com isso?! 

Falava tudo isso enquanto me dava outra ficha idêntica para preencher com os mesmos dados, dizendo o tempo todo que não dava, mas ainda sim analisando o resto dos meus documentos. 

Sei lá, é tão difícil explicar, pois parece uma coisa teatral.  

Fiquei ali estupefata e quieta assistindo a cena em silêncio.

A funcionária me mandou preencher novamente a mesma ficha que eu já havia preenchido e lá fui eu, correndo de um lado para o outro feito uma “barata tonta”, pois a minha caneta estava sem tinta. 

Depois de uns minutos entreguei a ficha preenchida e acho que tomei mais algumas broncas.

Um rapaz levou meus documentos e depois de uns 15 minutos retornou. 

A funcionária me chamou novamente ao guichê e só disse:

– Está aqui! 

Eu mal podia acreditar, nem meu marido podia acreditar.

É inacreditável que eu fui sem agendamento de cara lavada (mentira, maquiada) e consegui sair de lá com a minha declaração de presença preenchida.

Só quem já esteve em uma Questura sabe o quanto isso é significativo. 

Tem horas que as coisas dão errado mesmo quando a gente faz tudo certo e, tem horas que as estrelas se alinham e um raio de sol ilumina o seu caminho! Nestas horas é só agradecer a Deus, ao policial e a mulher do guichê que mesmo enfezada me ajudou muito.  

Me conte aqui embaixo se você já foi na Questura e qual foi a sua experiência? Ou se ainda não foi e tem alguma dúvida sobre essa etapa. 

Um abraço e até os próximos episódios dessa série onde eu conto a minha experiência de vida na Itália.

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