Viajar com os Pet`s para a Itália

Viajar com os Pet`s para a Itália

Olá, aqui é a Fernanda e esse é mais um episódio da minha saga de mudar para a Itália, hoje eu vou contar como foi o processo de trazer os meus 2 gatos do Brasil para a Itália.

Se você não acompanhou os últimos episódios eu me mudei para a Itália com meu marido, ele já havia reconhecido a cidadania em 2017, já tínhamos planos de mudar, mas só agora em 2021 pudemos realizar e claro trazer toda a família, o que inclui nossos 2 gatos: Nina e Yumi. 😊

Vou começar dizendo que escolhemos um caminho que quase ninguém faz, optamos por vir eu e meu marido para encontrarmos um apartamento, para depois retornar ao Brasil e buscar os gatos.

A maioria das pessoas costuma fazer da seguinte forma: uma pessoa vem reconhecer a cidadania e, com a cidadania reconhecida, vai atrás de trabalho e aluguel. Enquanto o outro cônjuge fica no Brasil organizando as coisas para vir posteriormente com filhos e pet`s. 

Nós sabíamos que seria um desafio pessoal conseguir achar um apartamento, pois nossa renda vem do Brasil e não temos a intenção de trabalhar aqui na Itália. Por isso, a nossa comprovação de renda é dificilmente aceita e até conseguir um imóvel imaginamos que poderíamos ficar alguns meses morando provisoriamente em AirBNB e se mudando de cidade em cidade.

Conto mais sobre a saga de conseguir um imóvel nos episódios anteriores.

Enquanto estávamos aqui procurando apartamento e ajeitando as coisas, deixamos os gatos com a minha sogra que cuidou da parte do preparo deles para vir junto com a veterinária. Eu acompanhei cada etapa, cada dia de vacina e vou contar como foi essa experiência aqui.

Preparo antes da viagem com os gatos

Antes de trazer os bichanos pesquisamos detalhadamente tudo o que precisaríamos fazer.

Fiz uma lista no Evernote com o passo a passo e calculamos uns 4 meses no total, esse prazo furou e acabou se estendendo por vários motivos. 

Confesso que se eu soubesse que era possível microchipar, vacinar e analisar o sangue muito antes da viagem teríamos feito até um ano antes todo esse processo.

Iniciamos microchipando os gatos, esse é o primeiro passo para poder viajar com cachorros ou com gatos, foi tranquilo, os gatos quase não sentiram dor, nem precisaram tomar remédio, dormiram bem e não tiveram nenhuma reação. 

A Nina se pronunciando sobre o dia do Microchip!

O veterinário que colocou o microchip comeu bola e não registrou os gatos no site da BackHome. Por causa disso eu não consegui fazer o cadastro de tutor no site. 

Uma semana depois levamos eles para vacinar, tomar a vacina anti-rábica. 

Neste hospital veterinário, nos indicaram uma veterinária que organizava toda a parte de coleta de sangue e envio para análise, além de deixar o CVI pronto e eu salvei o contato dela. 

Antes disso eu havia consultado os laboratórios permitidos e descobri que a Universidade Federal do Paraná fazia o exame sorológico, entrei em contato por e-mail e me retornaram com um valor de R$800,00 reais a sorologia por pet, mas eles não coletavam. 

Perguntei a algumas clínicas e ninguém queria se responsabilizar por coletar e enviar a amostra para o laboratório. 

Foi aí que buscamos a veterinária indicada. 

No primeiro dia ela já ficou com os documentos dos gatos e fez um exame de sangue para FIV e FELV, que são duas doenças felinas graves e comuns. 

O exame de sangue foi traumatizante, a Nina ficou hiper nervosa e o sangue não vinha de jeito nenhum, foram 4 seringas e inúmeras picadas. Doeu até em mim ver o sofrimento dela enquanto eu segurava a gata. 

No final deu tudo certo e eles não tinham nenhuma doença. 

A veterinária indicou dar 2 doses de anti rábica na Nina, para garantir que a sorologia iria atingir os anticorpos necessários para aprovação. O Yumi já havia tomado uma dose quando filhote e só uma dose bastava. 

Infelizmente nós não conseguimos acompanhar os gatos durante a coleta do sangue para o exame da sorologia, nossa viagem era uma semana antes. 

Eles ficaram com a minha sogra que levou eles para a coleta. 

Primeiro foi o Yumi e no mesmo dia a Nina tomou a segunda dose da vacina.

No mês seguinte foi a vez da Nina coletar o sangue para a sorologia e na segunda coleta de sangue da Nina ela ficou tranquila e tudo correu bem.

O sangue deles foi para a Tecsa fazer a análise sorológica.  

Nesse tempo nós estávamos na Itália correndo para encontrar uma casa para poder trazer os nossos filhotes. 

Foram 3 longos meses procurando até achar o nosso apartamento, contamos toda a saga neste EPISÓDIO.  

Quando conseguimos o apartamento já sabíamos que o resultado dos exames foram ótimos.

Agora era agendar o voo para ir ao Brasil buscá-los. 

Quer o passo a passo detalhado de como viajar para a Europa com seu animal? Acesse:

COMO LEVAR SEU PET PARA EUROPA

A passagem aérea para viajar com os gatos

Em 2020 eu havia pesquisado tudo pela Alitalia, tínhamos comprado passagem e com a Pandemia a companhia aérea faliu e com isso a gente perdeu 5 mil reais e muitos meses de espera para realizar nosso sonho de mudar para a Itália. 

Na Latam eu nem tinha pesquisado, mas era a única companhia que estava viajando direto para a Itália, então liguei lá e consegui comprar as nossas passagens para o começo de Abril. 

Não quis arriscar fazer escala por conta das restrições de viagem.

Estávamos desde Novembro sem ver os bichanos, morrendo de saudades.

Quando compramos as passagens não consegui reservar a carga especial para pets na hora, tive que esperar 30 dias antes da viagem para poder comprar o transporte dos gatos. 

Essas são as mochilas de transporte que escolhemos.

Para comprar a carga especial de animais é só por telefone, liguei na Latam fui muito bem atendida, tive que informar os dados de idade, peso, data de nascimento dos gatos, tamanho da mochila de transporte. E o valor deu 125 dólares por gato para o transporte na cabine. 

A passagem deles agora estava garantida. 

Entrei em contato com a veterinária para passar os dados. Ela precisava dos dados do voo, número do voo, destino, assento, data, … para agendar com a VIGIAGRO. Sabíamos que o agendamento tinha que ser feito com muita antecedência. 

A viagem para o Brasil

Quando chegou o dia de voltar para o Brasil a ansiedade estava a mil, finalmente passou aquele período turbulento de encontrar um imóvel na Itália, mas queríamos um tempo da burocracia italiana, quando as pessoas falam que a Itália é burocrática a gente acha que é comparável ao Brasil, e de fato é com o Brasil dos anos 90.

O nosso voo foi durante o dia e não dormimos, chegamos meia noite em Curitiba e fomos direto para a casa da minha mãe, só iríamos ver os gatos no dia seguinte. 

Acordamos tomamos aquele café da manhã gostoso com direito a pão de queijo e fomos até o apartamento ver os filhotes depois de meses.

Quando chegamos é claro que eles rosnaram para gente, acontece isso em toda a viagem, mas nunca ficamos tanto tempo longe. Ficaram com cara de Grumpy cat por uns dois dias e depois tiveram um ataque de carência épico.  

Os gatos estavam bem, mas a Nina, além de engordar bastante, estava com o pelo todo embolado parecendo o Bob Marley, cheia de dreads. Ela tem o pelo longo e num dia de verão minha sogra deu banho nela e não secou com o secador, aí ela fez uns nós no pelo.

Desesperada a minha sogra passou condicionador pra tentar resolver e aí a situação piorou. 

A gata estava tão embolada que eu não resisti, peguei uma tesoura e tosei todos aqueles dreads. Teve parte que ficou quase encostando na pele, ela ficou cheia de buracos no pelo. 

Outra questão era que ela estava com muita caspa, ela sempre teve caspa e geralmente quando eu dava atum parava (por causa do Ômega 3), mas, dessa vez a caspa estava muito feia e por conta da caspa ela estava com, uma infestação de pulgas. 

Entrei em desespero, a poucos dias de viajar eu cortei o pelo dela, ela ficou parecendo uma gata “sarnenta” e ainda cheia de pulgas e caspa. 

Levamos ela correndo na veterinária que me deu uma bronca por ter cortado o pelo dela, afinal isso poderia prejudicar o embarque, disse que para isso tem uns produtos especiais para desembolar o gato, mas já era tarde demais o estrago estava feito! 

Aí ela fez um exame e viu que a Nina estava com feridas por causa das pulgas e essas feridas já tinham se infectado com bactérias.

Resumindo, até a data do voo levamos a Nina 4 vezes fazer banho frio medicamentoso na clínica. E o Yumi também acabou entrando na onda e tomando 2 banhos.

Passamos 2 semanas extremamente corridas, vieram muitos parentes para a Páscoa e foi muito bom poder ver os parentes, sair com os amigos e nos preparar para o retorno para a Itália. 

Comprei uma garrafinha especial para levar água para os gatos e fui treinando eles para tomar água.

Um dia antes do embarque a veterinária nos entregou a pasta pronta, com os CVI`s corretos, os atestados veterinários, os certificados de microchipagem, de vacinação. Tudo certinho para o embarque.  

Também foi o dia do último banho deles, eles viajaram perfumadissimos.  

Graças a Deus que no final das duas semanas que passamos no Brasil o pêlo da Nina já tinha crescido um pouco e que aquela caspa desapareceu.

A viagem para a Itália

No dia seguinte o nosso voo era às 10 horas da manhã, mas queríamos chegar às 7 no aeroporto. 

Passei Feliway nas mochilas dos gatos, um feromônio para deixar los tranquilos, demos um sachê na noite anterior e enfiamos eles nas mochilas que forramos com tapetes higiênicos. 

Yumi no aeroporto de Curitiba e em Guarulhos

No balcão da Latam mostramos passagens, a pasta dos gatos, nossos documentos, despachamos as malas até Milão e já entramos para o raio X. 

Ahhh… esqueci de mencionar, as mochilas eram um pouco maiores do que o padrão da companhia, mas quando comprei a moça me pediu para informar o tamanho da mochila e não falou nada. Por precaução eu levei mais 2 malas flexíveis menores bem “furréquinhas”. 

Na fila do raio X tivemos que tirar os gatos da mochila, passar a mochila no Raio X e passar eles no detector de metais com a gente. 

Eu passei um, guardei ele na mochila. Voltei, peguei o outro e passei também. 

Afinal, o pai dos gatos não têm coragem de pegar eles no colo com medo de tomar uns arranhões. Fazer o que!

Depois ficamos esperando o voo até Guarulhos.

Coloquei uma musiquinha relaxante para os gatos e cobrimos as mochilas com nossas jaquetas.

Na hora do embarque o voo estava lotado e conversamos com as comissárias para poder liberar a nossa entrada antes, pois teríamos que encaixar eles sob o assento. 

Tentamos pegar os assentos da janela e do corredor torcendo para que ninguém senta-se no meio, mas não rolou. 

Sorte a nossa que a senhora que foi no meio adorava gatos e estava cuidando do gato da filha que se mudou para os Estados Unidos, e ficou toda interessada nas mochilas de transporte. 

O avião da Latam entre Curitiba e Guarulhos era ótimo, as mochilas encaixaram bem sob os assentos, eles foram tranquilos.

Chegando em Guarulhos não perdemos tempo, pegamos a conexão interna no aeroporto e chegamos ao Raio X menos movimentado, novamente passamos os gatos pelo Raio X e as mochilas na esteira. 

Tudo certo. 

Sentamos no bar da Heineken beber alguma coisa e comer umas batatinhas, o sofá era grande e colocamos os gatos do meu lado. Tentei levá-los no banheiro, peguei um banheiro infantil e fiquei meia hora lá, mas o barulho era intenso daquelas máquinas de secar as mãos e os gatos ficaram nervosos e não quiseram saber do tapete higiênico. 

Fomos então para a área de embarque do aeroporto, logo no começo em um canto mais isolado da muvuca, próximo aos banheiros. 

Depois de umas 3 horas, tentei novamente levar eles ao banheiro, visto que não tinha nenhum cadeirante por perto, escolhi o banheiro de cadeirantes para não atrapalhar. Fiquei meia hora com cada um e nada, não comeram, não tomaram água e não fizeram xixi.

Meu medo era deles urinarem durante o voo e ficar aquele cheiro forte. Ou pior né!

Hora de embarcar para a Itália, mal sabia eu que este seria o pior voo da minha vida.

Novamente o avião estava cheio, ficamos nos assentos do corredor e do meio. Na janela sentou homem gringo. O voo estava cheio, não haviam assentos vazios e o avião era absurdamente desconfortável. 

A mochila dos gatos não cabia sob os assentos, tivemos que amassar a mochila para socar eles sob os assentos e logo depois da decolagem tiramos eles de lá para não sufocarem.

Era um avião velho da Latam, que deveria ter originalmente 2 assentos nas laterais e que havia sido adaptado para 3 assentos, deixando o corredor minúsculo, até as aeromoças que são magérrimas se batiam nos passageiros ao circular pelo corredor estreito. 

Foi o pior voo da minha vida. 

Os gatos estavam ou no nosso colo, ou embaixo das nossas pernas, mas quando eu colocava a mochila meu pé ficava no corredor e as pessoas pisavam nele. 

Além disso a passageira de frente ao meu marido não parava de ajustar o banco e ficava batendo na mochila do gato sem parar, parecia fazer de propósito. E nem era o lugar dela, ela sentou lá ao lado da amiga e quando a passageira do assento chegou ela mandou a menina para o outro lado do avião. Sabe gente folgada?! Então bem esse tipo de gente.

Não dormi nada., fiquei preocupada com os gatos, estava desconfortável e passei a noite em claro. Ah… e como fomos com os gatos escolhemos a parte de trás do avião, que descobri ser a zona dos bebês, então tinha criança chorando o voo inteiro.

Fiquei lembrando das pessoas inúmeras vezes me perguntando sobre os gatos miarem durante o voo e incomodarem os outros passageiros, quando um choro de criança é mais estridente que qualquer miado de gato.

Durante o voo levei os gatos 3 vezes no banheiro de 3 em 3 horas mais ou menos, um de cada vez. Mas, não fizeram nada. O Yumi comeu uns 2 nuggets e a Nina não comeu nada. Não tomaram água e foram quietos o voo inteiro.

Eu levei uns 4 tapetes higiênicos extras, além do que estava na casinha, sacolas plásticas, ração, nuggets. Serviu de nada, mas é sempre melhor se precaver.

Chegando na Itália já tínhamos reservado um translado, foi bem rápido e já embarcamos em um Fiat Punto antigo onde couberam: 2 malas grandes, 2 pequenas, 2 mochilas de computador, 3 pessoas e 2 mochilas com gatos. 

O Enrico, motorista que fez o nosso transporte era muito gente boa, um italiano casado com uma brasileira e falava muito bem o português. No caminho conversamos sobre viagem, comida, café, emprego. Ele conhecia mais cidades no Brasil que nós e nós mais cidades na Itália que ele. Incrível.

Ele nos deixou na porta do apartamento e o Mauricio (meu marido) ficou com as malas enquanto eu subi com os gatos. 

Entrei, liguei os disjuntores atrás da porta, levei eles para o quarto e tirei eles da casinha. Estendi o tapete higiênico em um canto do quarto e fui organizar a comida e a água.  

Imediatamente o Yumi correu para o tapete e fez xixi aliviado depois de 24 horas de trânsito.

Sim! Entre sair com eles do apartamento no Brasil e chegar no apartamento da Itália deu exatamente 24 horas.

Parecia que eles sabiam que estavam em casa. 

No primeiro dia explorando todos os cantos do apartamento 🙂

Coloquei a comidinha deles nos potinhos, água, fechei eles no quarto e desci para ajudar o Mauricio com as malas. 

Subimos e como o nosso apartamento é pequeno deixamos a porta do quarto aberta para eles explorarem tudo, enquanto nós dormimos porque estávamos absurdamente cansados.

A vantagem de ter alugado o apartamento antes de trazer eles é que chegando aqui eles já tinham tudo organizado. O apartamento já tinha o nosso cheiro, nós já havíamos comprado ração, sachê, comedouro, fonte de água, sílica, caixa de areia, arranhador e até brinquedos novos. 

A adaptação deles foi imediata e isso nos conforta depois de uma despesa altíssima. 😓  

Os dois no segundo dia do apartamento novo.

E foi assim que nós trouxemos os gatos para a Itália, posso dizer que estão bem adaptados, super felizes. O Yumi ama queijos e já experimentou um pedacinho de vários e a Nina amou os presuntos Parma, salames e presuntos cozidos (só pedacinhos é claro!).

Ahhh… e ela emagreceu, quando viemos ela estava com quase 7kg e agora depois de um mês já está pesando 5,4kg.

Por enquanto ainda não registramos eles como moradores da cidade, mas temos que fazer isso levando eles ao veterinário.

ATUALIZAÇÃO: Saiu o artigo do registro dos gatos na Itália, confira aqui: REGISTRAR PET ITÁLIA

Compramos uma rede de proteção bem fininha para colocarmos na sacada, estou esperando chegar para ver se eu encontro alguém que faça a instalação, tem muitos brasileiros aqui na Brescia e eu vou consultar no grupo.

Quero que eles tenham acesso a sacada e possam ficar curtindo os pássaros.

Por hoje é isso, esta foi a saga de mudança dos gatos para a Itália.

Se você também trouxe seu pet para a Europa nos conte como foi a sua experiência aqui nos comentários, ou se vai trazer e tiver alguma dúvida manda aí!

Um abraço e até o próximo post do Italinha.

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